Chamadas Autenticadas: STIR/SHAKEN e a Nova Era da Telefonia no Brasil

A crescente desconfiança dos consumidores em relação às chamadas telefônicas — devido ao aumento de fraudes e ao uso de números falsos (spoofing) — levou a Anatel a implementar uma medida robusta e inovadora: a autenticação e identificação de chamadas, por meio do serviço Origem Verificada, baseado nos protocolos STIR/SHAKEN/RCD.

Essa tecnologia permite verificar se o número exibido na tela do celular realmente pertence à empresa que está originando a chamada. Mais do que validar o número, a solução oferece ao usuário informações visuais como nome da empresa, logotipo e até o motivo da ligação — um recurso que fortalece a transparência e a confiança nas comunicações por voz.

O sistema funciona a partir de uma cadeia técnica onde a prestadora de origem valida a chamada, envia as credenciais para a Autoridade de Identificação e Autenticação (AIA), que por sua vez distribui esses dados para a prestadora de destino. No smartphone compatível, o usuário vê um selo de autenticação, o nome da empresa, o texto “Número Validado”, além de ícones e logotipos personalizados. Tudo isso sem comprometer o sigilo da chamada, já que o sistema atua apenas sobre dados de sinalização.

Para que as informações apareçam corretamente, o usuário deve ter um dispositivo com suporte à tecnologia VoLTE, estar conectado a redes 4G ou 5G e manter o sistema operacional atualizado. Caso contrário, a chamada será completada, mas sem os elementos visuais de autenticação.

Inicialmente, apenas empresas podem contratar a solução junto às operadoras participantes. A adesão oferece benefícios comerciais relevantes, como aumento nas taxas de atendimento, proteção da identidade da marca e redução de bloqueios automáticos por parte dos usuários. O processo de contratação envolve envio de credenciais à AIA e configuração de dados que serão exibidos nas chamadas.

A iniciativa já está em vigor em caráter voluntário, mas com a publicação da Resolução nº 777 de 28 de maio de 2025, a autenticação se torna obrigatória em todo o território nacional no prazo de até três anos. A regulamentação prevê uma implementação progressiva, com acompanhamento técnico e fiscalizatório por parte da Anatel.

Mesmo com essa nova tecnologia, as empresas devem continuar respeitando soluções complementares, como o cadastro “Não Me Perturbe”. Além disso, o ecossistema foi estruturado com rigorosas práticas de governança e segurança da informação: qualquer tentativa de uso indevido — como falsificação de identidade visual — pode resultar na exclusão da empresa do sistema, com revogação do certificado digital.

A era da identificação segura das chamadas chegou. Com a adoção em larga escala dos protocolos STIR/SHAKEN no Brasil, os setores de VoIP, STFC e telefonia móvel entram em um novo estágio de modernização. Agora, cabe às empresas se adaptarem para oferecer aos seus clientes uma comunicação cada vez mais confiável e transparente.

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